Reforma de um violão






































Este violão aí acima é um Tranquillo Giannini que achei no lixo em Santa Cruz. Sim, literalmente. Estava em frente à uma casa do lado dos sacos de lixo, pronto para ser recolhido pelos garis. Não pensei duas vezes, bati palmas (como se fazia antigamente) e perguntei ao morador se era mesmo lixo. Pedi o violão. Ganhei. Levei para a escola, parece que lá não teve muita serventia. Entendo, estava um caco. Trouxe para minha casa para tentar realizar um sonho de criança: construir um violão que nunca tive. Hoje tenho mais de um, mas o sonho voltou e comecei a construir a realidade.

Ele não estava desse jeito aí. Seu tampo estava quebrado, rachado, muito. Cordas velhas, trastes quebrados, emendas com palito de dente e tudo o mais... Aí nessas fotos, ele já está cortado. Foi o que pude fazer. Não disponho de máquinas para fazer as curvas do violão. Fiz tudo à mão, com as ferramentas de marcenaria que tenho. Cortei-o nesse formato, retirando as rachaduras. Pensei na hora: vou fazer um violão cubista.

Os puristas dirão: que pena. Não, acho que fiz bom negócio tirando as curvas. Ganhei em beleza, menos clássica claro, mas moderna.

Não tirei foto de todo o processo, nem do violão quando o achei. Uma pena. Era um violão normal se você quiser imaginar.

Trabalhei duro duante um mês. Lixei, Cortei, colei novas peças de madeira que comprei para acertar a diferença no formato. E fui em frente: Lixei, lixei, o segredo da madeira é lixar, lixar bem. Depois fui pelos detalhes: Consertei as tarraxas (é assim que se escreve?), limpei todos os cantos. Depois veio a pintura da caixa, do fundo em preto. Gastei em torno de 60 reias. Foi puro prazer. Depois as demãos de verniz, foram três. Demora na secagem. Tem que ter muita paciência. Secar é fundamental: a cola, o verniz, a tinta, tudo deve esperar a hora certa. Fiz o desenho da frente, troquei as cordas (estas novas são de primeira). E tudo voltou para o lugar.

O violão não é mais o mesmo. Claro. Quem vê não acredita, mas está aí. Gostei do resultado. É meu violão cubista. Agora peguei gosto pela coisa. Em breve inventarei instrumentos. Pronto, minha vida agora vai ser inventar poesia e intrumentos. Bom, né?

Veja como um sonho de criança saiu do lixo. Certamente nenhum dinheiro pagaria esse violão.







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