MENINA CIDADE

ninguém tem pena dessa cidade
já é tarde e todos pisam sobre sua sombra

a neurótica ladainha das ruas
os gestos sem tempo
a veneração do apocalipse

aquele moreno morreu de medo
e não há cor definindo esse povo
porque a cidade corre perigo
no momento preto-e-branco do dia mais bonito de sol

não tenho saudade
sei dormir sem vontade
disparar o gatilho de todos