véspera

O POEMA AGUARDA SER ESCRITO.
O POETA BEBE UM REFRIGERANTE
E SE DIVERTE LENDO UM LIVRO.

O POEMA NÃO TEM PRESSA NEM SEDE.
É VERDE E ESTÁ PRONTO.
SABE QUE A PALAVRA JÁ EXISTE,
CONHECE O POBRE HOMEM EM DETALHES.

E O POETA QUASE DORME.
É HOMEM NOBRE DESCANSANDO SOBRE O SOFÁ.
SENTE FOME, MAS NÃO LARGA O LIVRO.

O POEMA JÁ É NOITE,
SERENO NA ALTA MADRUGADA.
MEIO AMOR, SONHO INTEIRO.

E O POETA É CRIANÇA,
ABRE A BOCA SEM PALAVRAS.
CHAMA A CAMA.
O POEMA QUASE ACORDA
ESCONDIDO PELA LUZ APAGADA.

O POETA CEDE AOS ANJOS.
DORME EM PAZ SEM PENSAR NO POEMA,
TENDO A CERTEZA DE SER O SEU SENHOR.

JÁ DESPERTO, O POEMA RI DEBOCHADO.
SAI EM BUSCA DA VIDA,
ENQUANTO DORME
SEU ESCRAVO TÃO CANSADO.