Minha religião
é a poesia. O Deus que eu acredito deve gostar do que é belo. Não foi ele quem
fez as estrelas? Pois bem, não precisa de velas.
Essa história de Bem e
Mal ainda infantiliza a muitos. Quanta história para explicar o que sentem ou
não entendem. Quanto sacrifício, quanto discurso para justificarem suas crenças.
E o mundo real, o aqui e agora, abandonado aos ratos da política e aos
gananciosos oportunistas.
Quanta fé, quanta magia, e ninguém para falar
de educação, não jogar papel no chão, não gritar desnecessariamente, não
corromper.
Outros mundos são criados depois da morte, isso autoriza o
descaso com esse que vivemos. Aqui pode tudo, ninguém quer se meter, dá-se um
jeito depois; é só rezar, pedir, prometer, agradecer, bajular deuses e santos...
e pronto, tudo resolvido.
Religião parece um produto, tem para todo
gosto. Você se encaixa ou não. Pode migrar dessa para aquela e se você tem
estômago fica tudo bem. (Vivemos uma democracia, não é mesmo!)
Minha
crítica não é de um descrente em Deus, é de um cara que está de saco cheio de
hipocrisia, de gente fria e egoísta que está vendo o mundo se foder sem fazer
nada para melhorar. Cadê os santos? O que se vê são psicólogos do Paraíso e
supersticiosos picaretas.
O culpado de todo o mal sobre a Terra (para os
cretinos) é sempre quem preza pela vida, quem se expressa sem
demagogia.
Por que esse ataque a religião? Porque é a religião que diz
mexer com o espírito humano. Para pessoas que se dizem tão íntimas do sagrado,
está tudo muito parado. É muita conformação. Só vejo picuinha, soluções para o
ego, devaneios espiritualistas, fofoca metafísica e distorção do
amor.
Superstição e medo:
- muito usados pelas religiões
- cala o
indivíduo
- torna a vida tacanha, pequena
- serve a manipuladores e
oportunistas (estes são sempre detentores do poder mágico) que criam regras
"espirituais" onde, com o tempo, os indivíduos sentem-se seguros (se não
desafiarem esse "poder").
O Deus que acredito deve gostar de ouvir música
e das maravilhas feitas com mãos humanas. Ele toca meu coração com a sinceridade
de uma criança. O Deus que eu acredito se importa, mas ele é um mistério. É como
a palavra, tem força dentro de mim. Não tenho certezas para dar, não tenho
autorização para falar em seu nome. Aprendo com o que vejo e sinto o que é mais
profundo.
Minha fé:
- Que o belo remete a esse poder divino.
- Que
esse belo não seja pobre, santo, perfeito, mas que seja rico de significados,
que faça o espírito ter paz e deixe os outros em paz.
- Que devemos viver,
valorizar as atitudes positivas, reconhecer no outro, ao mesmo tempo, um
problema e uma solução.
- Que a Cultura, por mais complexa que seja, foi uma
solução inteligente da humanidade para sobreviver a barbárie. Ser civilizado é
tolerar, mas exigir respeito para não virar bagunça. (Por favor, sem
preconceito)
- Que a criança seja a mais relevante riqueza da raça humana, os
que creem nesse projeto devem fazer de tudo para que elas sejam respeitadas.
Devemos protegê-las da falsa moral, dos abusos mercadológicos e de direitos
oportunistas.
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