A MÃO DO MEU PAI (À MEMÓRIA DE DOMINGOS FERNANDES)

A mão do meu pai me leva às ruas de cidades portuguesas. Quem são essas pessoas que correm no meu sangue, que dobram as esquinas e falam uma língua tão familiar?

Meu pai sabe quem sou dentro do coração das palavras. Cabem em nossas mãos os amores e os olhares que sempre disseram sim.

O céu português, azul claro, é um chapéu protetor. Nossas almas, se é que elas existem, são a econômica alegria de um corpo gasto pelo tempo. As casas velhas, o vinho, o amor manifesto na penúria dos lares - Meu pai soube dizer não à sabedoria de sofrer. Sua mão pesada, agora leve, leva de mim os assombros.

Sei que ser pai é permanecer na gente. E eu canto esse momento, danço e sou um homem de fato. Não carrego o fado do passado e desconheço o tal futuro que outros anseiam. Nesse absurdo presente, a mão do meu pai revela, eleva e releva muitos caminhos que se abrirão.

 

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